![](https://freight.cargo.site/t/original/i/3bcf2d78b57c5a386596f1d18b49dd4ff263f63c88636e1b86f78a5a1762d2f9/_aHTCU_capaCcapa_preto.jpg)
![](https://freight.cargo.site/t/original/i/0d0066a1b7aca1044bb76b66f868d524b156448e8617f837d4bd17e95af02fc6/_aHTCU_miolo_1.jpg)
![](https://freight.cargo.site/t/original/i/e7ca42a8b318d98430083673debb3664b1a307eefb32d7eb03f1e48f7b93ad43/_aHTCU_miolo_2.jpg)
![](https://freight.cargo.site/t/original/i/a810ef843b4c9c876848007fc79b0c0313780bb3c73b4f5a05f18b16ec3a5d41/_aHTCU_miolo_3.jpg)
![](https://freight.cargo.site/t/original/i/f4db838896642db4d66390faf8bb3ad95cc6a9af9b27b4f0496c42205dc8d1a8/_aHTCU_miolo_4.jpg)
![](https://freight.cargo.site/t/original/i/b36ae5436e52ba171865bf3197af088ef8e2ec48229bc727001597c4c3beaf42/_aHTCU_miolo_5.jpg)
![](https://freight.cargo.site/t/original/i/624a992609ec27ecf3940bca5a89e4dc1f145f35872226c06660c4f5d2af41d4/_aHTCU_miolo_6.jpg)
![](https://freight.cargo.site/t/original/i/b3c1149114f5bfc58227287f6319281ea8c1da74a4dab1acaf22665fb6dc7173/_aHTCU_miolo_7.jpg)
![](https://freight.cargo.site/t/original/i/28e4c9d38e71389c141f2e57489da63ec901407d6aba0de49d261a930f904ceb/_aHTCU_miolo_8.jpg)
![](https://freight.cargo.site/t/original/i/49d1f8d79a8d3086089c5519b80efe49ffcae3304e714b95123b8662f8d3274c/_aHTCU_miolo_9.jpg)
![](https://freight.cargo.site/t/original/i/3381d33de6573598f7f99dcba56c81f802946012abdb3e186f3c32070c71409f/_aHTCU_miolo_10.jpg)
Capa mole c/ estampagem a quente,
offset, 176 pp.
A história de todos e de cada um:
Ida
Catorze retratos anónimos
A gradual feitura de A Feitura dos Americanos
Gertrude Stein
textos: Gertrude Stein
tradução: Ricardo Alberty e Luísa Costa Gomes
edição: Rui Almeida Paiva e Sofia Gonçalves
design: Sofia Gonçalves
Três textos de Gertrude Stein, reunidos de forma inédita, compõem o livro A história de todos e de cada um: o romance Ida (de 1940, publicado em 1941), os poemas Catorze retratos anónimos (de 1923 e publicado em 1934, na colectânea de primeiros ensaios e retratos literários Portraits and Prayers), o ensaio A gradual feitura de A Feitura dos Americanos (redigido em 1934 para o ciclo de conferências que Stein ministra nos E.U.A. e que viria a ser publicado em Lectures in America, em 1935).
Durante a sua vida, que é o mesmo que dizer, durante a sua obra, Stein dedicou tanto tempo à exegese quanto à criação. É também a feitura da escrita de Stein que se procura aqui evocar em três tempos e três géneros: o romance, a conferência/ensaio, a poesia. Importou demonstrar como Stein escreveu o que pensou e pensou o que escreveu. Se a sua escrita é um laboratório, esta exprime-se tanto através do pensamento em torno da prática, como do pensamento enquanto possível extensão da prática, ou seja, em Stein, a teoria só se afasta da prática por mera circunstância ou protocolo.
A tudo isto acresce o mote que dá título à presente edição: a ambição de simultaneamente narrar a história de todos e de cada um.
«Narrar assim é fazê-lo numa extremidade, num qualquer limite. Ou em abdicação de qualquer interioridade? Uma das possíveis expressões dessa hipótese reside na similitude que há entre alguns passos de Ida (…) e os chamados contos de fadas.»
Hugo Pinto Santos, «Gertrude Stein: oráculo e provocação», Ipsilon/Público (22.07.2022)
Durante a sua vida, que é o mesmo que dizer, durante a sua obra, Stein dedicou tanto tempo à exegese quanto à criação. É também a feitura da escrita de Stein que se procura aqui evocar em três tempos e três géneros: o romance, a conferência/ensaio, a poesia. Importou demonstrar como Stein escreveu o que pensou e pensou o que escreveu. Se a sua escrita é um laboratório, esta exprime-se tanto através do pensamento em torno da prática, como do pensamento enquanto possível extensão da prática, ou seja, em Stein, a teoria só se afasta da prática por mera circunstância ou protocolo.
A tudo isto acresce o mote que dá título à presente edição: a ambição de simultaneamente narrar a história de todos e de cada um.
«Narrar assim é fazê-lo numa extremidade, num qualquer limite. Ou em abdicação de qualquer interioridade? Uma das possíveis expressões dessa hipótese reside na similitude que há entre alguns passos de Ida (…) e os chamados contos de fadas.»
Hugo Pinto Santos, «Gertrude Stein: oráculo e provocação», Ipsilon/Público (22.07.2022)
︎︎︎︎︎︎
E então aconteceu qualquer coisa.
O que aconteceu foi isto.
Toda a gente começou a sentir a falta de qualquer coisa e não era de um beijo, aposto a minha vida em como não era de um beijo que toda a gente começou a sentir a falta. E daí talvez fosse.
De qualquer forma aconteceu alguma coisa e toda a gente ficou muito excitada por ser alguma coisa e por ter acontecido. Aconteceu lentamente e depois foi acontecendo e a seguir aconteceu um pouco mais depressa e continuou a acontecer e aconteceu e aconteceu na verdade aconteceu e depois tinha acontecido e foi acontecendo
e por fim lá estava o acontecimento e se estava é porque estava mas agora já ninguém se importava.
E tudo isto parece estranho mas é absolutamente verdade.
Gertrude Stein, Ida.
O que aconteceu foi isto.
Toda a gente começou a sentir a falta de qualquer coisa e não era de um beijo, aposto a minha vida em como não era de um beijo que toda a gente começou a sentir a falta. E daí talvez fosse.
De qualquer forma aconteceu alguma coisa e toda a gente ficou muito excitada por ser alguma coisa e por ter acontecido. Aconteceu lentamente e depois foi acontecendo e a seguir aconteceu um pouco mais depressa e continuou a acontecer e aconteceu e aconteceu na verdade aconteceu e depois tinha acontecido e foi acontecendo
e por fim lá estava o acontecimento e se estava é porque estava mas agora já ninguém se importava.
E tudo isto parece estranho mas é absolutamente verdade.
Gertrude Stein, Ida.
GERTRUDE STEIN (1874-1946) nasceu na Pensilvânia, e era a irmã mais nova de cinco filhos. Os seus pais eram descendentes de judeus alemães. Estudou Psicologia, onde participou nos seminários de William James e, mais tarde, Medicina. Desiste enquanto frequenta o quarto ano, juntando-se ao irmão Leo Stein, em Paris. Em 1903, moram no lendário número 27 da rue de Fleurus. Juntos, adquirem obras de Cézanne, Renoir, Matisse e Picasso, tornando-se amigos destes. Aos trinta e dois anos, Gertrude Stein dirige, com Leo, um dos salões mais importantes de Paris, posando para Picasso e escrevendo o que viria a ser o seu primeiro livro, Três Vida (1909). Em 1907, conhece Alice B. Toklas, com quem vive cerca de quarenta anos. No pós-guerra, com o cubismo em declínio, Apollinaire morto, Matisse e Picasso ricos e famosos, novos pintores e escritores começam a frequentar o salão de Stein: Gris, Picabia, Scott Fitzgerald e Hemingway. Stein alcança o seu primeiro sucesso literário com a publicação A autobiografia de Alice B. Toklas (1933). Em 1934, parte para uma tournée de palestras pela América, editadas em Lectures in America (1935), e onde encontramos A gradual feitura de A Feitura dos Americanos. Na sua vasta obra, encontramos, entre outros: Ternos Botões (1914), The Making of Americans (1925), Portraits and Prayers (1934), Everybody’s Autobiography (1937), O Mundo é Redondo (1939) e Ida (1941). Aos setenta e dois anos, Gertrude Stein adoece, acabando por falecer após uma operação. As suas últimas palavras para Alice foram: «Qual é a resposta?». Como não obteve resposta, continuou: «Nesse caso, qual é a pergunta?».
Parceiro Institucional:
![](https://freight.cargo.site/t/original/i/f9b307844013c8125b4164a0e735a26e8f70531b1c8276899fe30f269d1866df/Digital_PB_V_FC_Cultura.gif)