Capa mole, offset, 195x125mm, 48 pp.
A minha história com Ninguém
Rui de Almeida Paiva
texto: rui de almeida paiva
desenhos: Afonso Paiva
edição, revisão e design: Sofia Gonçalves
Quando Ninguém deixa as Coisas sossegadas no seu lugar, passo-lhe um raspanete. Contesto a valer. Se passas o dia em casa, tens de mexer nas Coisas, de vez em quando. Por favor. Pode ser?
Até as Coisas, sobretudo as Coisas, e se forem das velhas nem se fala, essas por exemplo têm de mudar de lugar todos os dias, senão ficam perras num instante. Em contrapartida as Coisas são tal e qual como as pessoas, para ser mais exacto. Disse-lhe, exasperado. Aliás, ao mudarmos as Coisas de lugar, nós, simultaneamente, movemos os braços, o peito, a cabeça, as pernas, e muitas outras peças, mantendo o esqueleto lubrificado. As Coisas,
às vezes acontece, são os nossos preparadores físicos. Disse-lhe. Principalmente quando nos fazem mudar de posição de minuto em minuto. Pensa num relógio, num despertador, num telefone, sossegado, na sua posição fixa. Entretanto põe-se a chamar pela sua pessoa. Ela pula e fica de antenas em alerta. E vai. Responde ao chamamento,
mudando antecipadamente de posição.
Rui de Almeida Paiva, A minha história com Ninguém.
Até as Coisas, sobretudo as Coisas, e se forem das velhas nem se fala, essas por exemplo têm de mudar de lugar todos os dias, senão ficam perras num instante. Em contrapartida as Coisas são tal e qual como as pessoas, para ser mais exacto. Disse-lhe, exasperado. Aliás, ao mudarmos as Coisas de lugar, nós, simultaneamente, movemos os braços, o peito, a cabeça, as pernas, e muitas outras peças, mantendo o esqueleto lubrificado. As Coisas,
às vezes acontece, são os nossos preparadores físicos. Disse-lhe. Principalmente quando nos fazem mudar de posição de minuto em minuto. Pensa num relógio, num despertador, num telefone, sossegado, na sua posição fixa. Entretanto põe-se a chamar pela sua pessoa. Ela pula e fica de antenas em alerta. E vai. Responde ao chamamento,
mudando antecipadamente de posição.
Rui de Almeida Paiva, A minha história com Ninguém.
RUI DE ALMEIDA PAIVA tem trabalhado para diversos projectos de teatro, dança e cinema.
Conta com os seguintes livros publicados: A Mala Rápida do Senhor Parado (2010, editora Trinta por Uma Linha); Quem viaja encontra os segredos antigos mas perde os sapatos novos (2014, Dois Dias Edições); Efeito Kuleshov, com Joana Bértholo e Sofia Gonçalves (2014, Dois Dias Edições); Ministério da Educação (2015, editora Douda Correria); O Ploc do Pollock (2016, editora Caminho); Canções de Embalar Belos Planetas Cansados (2018, editora Douda Correria); Quem Vem Lá? (2019, editora Caminho); Se o Mundo é redondo o Pensamento é ao quadrado (2019, Dois Dias edições), 2 Cavalos de Turim, com Joana Bértholo (2020, Dois Dias edições). A partir de 2017, iniciou colaboração teatral com Bruno Humberto. Desde então escreveram e encenaram as peças O Ploc do Pollock (2017), O Sequestro (2018), A Vila (2019), Interrupção – Pausa para Intervalos (2020), Peça para Intervalos (2021). Fez mestrado em Edição de Texto, na FCSH-UNL, em 2013, com a tese Jean Rouch: o cineasta da máquina de escrever ou o escritor da câmara de filmar, explorando a hipótese do trabalho de edição a partir da tradição oral. Escreveu e realizou o filme A Ilha Invisível (Produções Cedro Plátano), estreado no DocLisboa 2018. No âmbito da edição, fundou em 2011, com Sofia Gonçalves, a editora Dois Dias.
Conta com os seguintes livros publicados: A Mala Rápida do Senhor Parado (2010, editora Trinta por Uma Linha); Quem viaja encontra os segredos antigos mas perde os sapatos novos (2014, Dois Dias Edições); Efeito Kuleshov, com Joana Bértholo e Sofia Gonçalves (2014, Dois Dias Edições); Ministério da Educação (2015, editora Douda Correria); O Ploc do Pollock (2016, editora Caminho); Canções de Embalar Belos Planetas Cansados (2018, editora Douda Correria); Quem Vem Lá? (2019, editora Caminho); Se o Mundo é redondo o Pensamento é ao quadrado (2019, Dois Dias edições), 2 Cavalos de Turim, com Joana Bértholo (2020, Dois Dias edições). A partir de 2017, iniciou colaboração teatral com Bruno Humberto. Desde então escreveram e encenaram as peças O Ploc do Pollock (2017), O Sequestro (2018), A Vila (2019), Interrupção – Pausa para Intervalos (2020), Peça para Intervalos (2021). Fez mestrado em Edição de Texto, na FCSH-UNL, em 2013, com a tese Jean Rouch: o cineasta da máquina de escrever ou o escritor da câmara de filmar, explorando a hipótese do trabalho de edição a partir da tradição oral. Escreveu e realizou o filme A Ilha Invisível (Produções Cedro Plátano), estreado no DocLisboa 2018. No âmbito da edição, fundou em 2011, com Sofia Gonçalves, a editora Dois Dias.