Jornal e intervenção pública.25 de Abril de 2014.
Apneia
Textos de Rui de Almeida Paiva,
ilustração de André Ruivo
e design de Sofia Gonçalves.
Jornal antiperiódico e aventura editorial entre a Dois Dias edições e a Inspector Cheese Adventures.
Distribuição gratuita em Lisboa durante as comemorações dos 40 anos do 25 de Abril (2014).
*
«Regressemos ao Carmo. Uma senhora aproxima-se e, sorrindo, dá-nos para a mão uma folha verde com uma frase interrogativa que se impõe a negrito, em caixa-alta, sob o título APNEIA, igualmente formatado. QUANTO TEMPO AGUENTA O HOMEM DEBAIXO DE ÁGUA? À minha esquerda, a Laura recebe a oferta enquanto eu peço um exemplar para mim. É-me recusado — nunca me tinha acontecido! A tiragem é reduzida e só é dado um número por cada grupo de pessoas. Geralmente, quem imprime nestas alturas distribui também, e sabe, portanto, o que faz. Esta Apneia, desde o momento em que nos é dada (ou não) para a mão, mexe connosco. Será partilhada, dividida, lida várias vezes pelos seus vários donos. O auto-denominado “jornal antiperiódico” tem nesta folha (um pouco maior que A3, dobrada ao meio) o seu número 0. Data de 25 de Abril de 2014, mesmo que nos tenha chegado minutos antes do seu oficial lançamento. Lá dentro (que é como quem diz — todas as páginas, interiores ou exteriores, são aproveitadas), há textos de Rui Almeida Paiva. Um poema baralhado, que nos baralha na sua leitura, uma incursão multidireccional sobre a natureza das coisas que se tornam “inamovíveis como uma fatalidade”, ilustrado por André Ruivo. O segundo texto, a história intitulada “O esperguiçar do capitão sem Abril”, fala dessa personagem que deixa a revolução passar à sua porta e morrer numa praça qualquer ali ao lado. Este jornal, editado em dupla pela Dois Dias Edições e a The Inspector Cheese Adventures, com design de Sofia Gonçalves, é um objecto para ler, reler e guardar bem numa colecção para mais tarde voltar a pegar nele. Sem ser retro, evoca uma linguagem que há 40 anos não estaria deslocada, mas é claramente de agora, uma publicação independente da democracia, pela democracia, pela partilha e pela colaboração. No estúdio, na gráfica, na sala de estar, mas sobretudo nas ruas.»
Quem imprime por Abril,
Guilherme Sousa