Capa mole com encadernação suíça, offset, 270x180mm,
104 pp., 500
exemplares.
+ separata, offset, 225x160mm, 32 pp.,
250 exemplares em português,
250
exemplares em inglês.
K contra K
Catálogo incompleto das edições Tripé
Mattia Denisse
textos: «Catálogo Incompleto das edições Tripé» por Mattia Denisse;
«As edições Tripé existem. As edições Tripé não existem. As edições Tripé existem e não existem. As edições Tripé nem existem nem não existem: Entrevista com Arthur Dessine e Mattia Denisse», por Mattia Denisse, Rui Almeida Paiva e Sofia Gonçalves (transcrição: Marta Moreira)
desenhos: Mattia Denisse
tradução: Chris Foster
edição: Rui Paiva e Sofia Gonçalves
design: Sofia Gonçalves
revisão: Carina Correia, Rui Almeida Paiva, Sofia Gonçalves
As edições Tripé desafiaram a Dois Dias a
editar o Catálogo Incompleto das edições Tripé. É, sem dúvida, na história da
edição, a primeira vez que uma editora publica o catálogo de uma outra editora.
As edições Tripé (editora que oficialmente nunca publicou nenhum livro) é
desconhecida do grande público – facto perfeitamente lógico numa perspectiva
realista.
A publicação K contra K apresenta fac-símiles de 52 capas e contracapas dos 45 livros que a editora Tripé publicou “no futuro”. E uma separata onde se podem encontrar fragmentos ou críticas sobre cada um destes livros, bem como uma entrevista ao editor Arthur Dessine e ao artista Mattia Denisse, conduzida por Rui Almeida Paiva e Sofia Gonçalves (os editores e a designer da Dois Dias edições).
K contra K é uma obra comissionada pela Anozero – Bienal de Arte Contemporânea de Coimbra 2019.
A publicação K contra K apresenta fac-símiles de 52 capas e contracapas dos 45 livros que a editora Tripé publicou “no futuro”. E uma separata onde se podem encontrar fragmentos ou críticas sobre cada um destes livros, bem como uma entrevista ao editor Arthur Dessine e ao artista Mattia Denisse, conduzida por Rui Almeida Paiva e Sofia Gonçalves (os editores e a designer da Dois Dias edições).
K contra K é uma obra comissionada pela Anozero – Bienal de Arte Contemporânea de Coimbra 2019.
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Sofia Gonçalves: Como é que surgiram as edições Tripé? Fale-nos um pouco desse
percurso inexistente e das suas intenções ambiciosas.
Mattia Denisse-Arthur Dessine [MD-AD]: Inexistente não é bem a palavra. A natureza metafísica das edições Tripé é complexa. Não sei se se pode afirmar que não existe… também não sei se se pode dizer o contrário. Um tetralema seria o ideal para falar da sua idiossincrasia. As edições Tripé existem. As edições Tripé não existem. As edições Tripé existem e não existem. As edições Tripé nem existem, nem não existem. Existirão no futuro, provavelmente já existiram no passado, existem agora… ou não. Ainda não temos muitas certezas. É por isso que é necessário editar o catálogo. Vejam a pegada na Lua; sem ela, a viagem teria sido inútil.
Rui Almeida Paiva: Porque é que decidiu editar o Catálogo Incompleto das edições Tripé com outra editora? Porque é que não o fez sozinho?
MD-AD: É uma boa pergunta. Às vezes, ficamos fartos de remar sozinhos. A «Navegar é preciso, viver não é preciso», podíamos contrapor um «remar é necessário, editar não é necessário». É, portanto, esta não necessidade que nos leva a fazê-lo. As edições Tripé, e principalmente Mattia Denisse, têm uma excelente relação com a Dois Dias edições, já trabalharam juntos e foi uma experiência enriquecedora. Acho que partilhamos sobre muitos assuntos o mesmo olhar. É uma questão de afinidade. Achámos também que era importante ter um catálogo que assumisse uma distância crítica em relação à própria editora. Fazer um livro é um trabalho de equipa. É também uma maneira de acrescentar mais uma camada à complexidade. Porquê fazer simples se podemos fazer complicado?
Entrevista a Mattia Denisse-Arthur Dessine, K contra K.
Mattia Denisse-Arthur Dessine [MD-AD]: Inexistente não é bem a palavra. A natureza metafísica das edições Tripé é complexa. Não sei se se pode afirmar que não existe… também não sei se se pode dizer o contrário. Um tetralema seria o ideal para falar da sua idiossincrasia. As edições Tripé existem. As edições Tripé não existem. As edições Tripé existem e não existem. As edições Tripé nem existem, nem não existem. Existirão no futuro, provavelmente já existiram no passado, existem agora… ou não. Ainda não temos muitas certezas. É por isso que é necessário editar o catálogo. Vejam a pegada na Lua; sem ela, a viagem teria sido inútil.
Rui Almeida Paiva: Porque é que decidiu editar o Catálogo Incompleto das edições Tripé com outra editora? Porque é que não o fez sozinho?
MD-AD: É uma boa pergunta. Às vezes, ficamos fartos de remar sozinhos. A «Navegar é preciso, viver não é preciso», podíamos contrapor um «remar é necessário, editar não é necessário». É, portanto, esta não necessidade que nos leva a fazê-lo. As edições Tripé, e principalmente Mattia Denisse, têm uma excelente relação com a Dois Dias edições, já trabalharam juntos e foi uma experiência enriquecedora. Acho que partilhamos sobre muitos assuntos o mesmo olhar. É uma questão de afinidade. Achámos também que era importante ter um catálogo que assumisse uma distância crítica em relação à própria editora. Fazer um livro é um trabalho de equipa. É também uma maneira de acrescentar mais uma camada à complexidade. Porquê fazer simples se podemos fazer complicado?
Entrevista a Mattia Denisse-Arthur Dessine, K contra K.
MATTIA DENISSE (Blois, França, 1967) vive em Lisboa desde
1999. Estrangeiro ou extraterrestre, Mattia Denisse nunca se sentiu
de nenhum lado. Por não ter paciência para esperar ser condenado por outros ao
exílio, viajou. Pela Europa, África e Brasil, procurando algures o que poderia
ter provavelmente achado se ficasse lá onde estava. Como “é preciso
traficar alguma coisa enquanto se espera que a noite venha”, escolheu a arte ou
a arte escolheu-o, como meio, para sobreviver. Aos 7 anos e meio, instala-se no
meio da planície no campo vizinho com um cavalete e uma tela e pinta uma
paisagem de montanha que forma uma baía, no horizonte, com o mar. Descobre,
espantado, “que a arte é o lugar de todos os possíveis”. Depois da
pintura como iniciação, explorará sobretudo a instalação como “espaço trópico”:
projeto de reconstrução à escala planetária de uma “paisagem paradigmática”. O
conjunto destas obras seria o ressurgir “de um paraíso” do qual se
reencontrasse os fragmentos dispersos à superfície do globo. Em 2006, parte
para Cabo Verde onde experimenta a insularidade. Nesta vida, onde o tédio é uma
condição sine qua non do destino, escreve e desenha, que são,
para ele, dois meios de passar, sem intermediários, de um pensamento a
“qualquer coisa”. De regresso a Lisboa, Mattia Denisse dedicou-se
quase exclusivamente ao desenho e à escrita, trabalho centrípeto em relação ao
lado centrífugo das viagens.