Capa mole plastificada
c/ cortante, offset, 290x205mm, 48 pp.,
500 exemplares.


Se o Mundo é redondo
o Pensamento é ao quadrado


Rui de Almeida Paiva e Marta Moreira

texto: Rui Almeida Paiva
ilustrações: Marta Moreira
edição: Sofia Gonçalves
design: Rui Silva (capa: Rui Silva e Sofia Gonçalves)
revisão: Sofia Gonçalves





Quantos pensamentos existem? Mais de mil? Muito mais. Não, muito menos. Eu acho que são mil, à conta. Olha, existe aquele, por exemplo, com uma fome insaciável por perguntas sem resposta. Existe um outro que é quadrado da cabeça aos pés, sempre com vontade do que se pode morder, mastigar e depois engolir. Estás a falar a sério? Claro que não: é daqueles Pensamentos que engole e nem se dá ao trabalho de mastigar. Mas um dia, por azar, diante do Mundo Redondo, sem perder tempo, abre a boca e… Estás a brincar? Claro que estou: perdeu bastante tempo porque se esqueceu logo que o Mundo Redondo (sim, os Pensamentos Quadrados estão sempre a esquecer-se disto) tem amigos. Eu, por exemplo, mas existem mais. Quantos? Para aí mil amigos. Quem? Tu, por exemplo.

Se o Mundo é redondo, o Pensamento é ao quadrado inaugura a chancela Dois Dias Pequeninos, dedicada aos leitores de palmo e meio e mundos imaginários imensuráveis.

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Lá para o meio do dia de hoje, e desta história, estarei a brincar aos pensamentos quando, por acaso (ou teria sido de propósito que o acaso apareceu por aqui?), apanhei um pensamento com uma pinça. Raramente me assusto mas este pensamento meteu-me cá um medo que até me fez lembrar um Susto com S de FOGE!!!

Brincar aos pensamentos num jardim, deitado de barriga para o ar, é um dos meus divertimentos preferidos. Hoje, no caminho para a escola, eu (com o Mundo Redondo nas mãos) e o Gigante deitámo-nos e começámos a brincar ao “Onde começa...”.

Onde começa o céu?, comecei eu.
O Gigante, que é gigante até em altura, explicou-me que não sabia, que não tinha bem a certeza, mas que o céu devia começar lá ao longe, onde começam as nuvens. E apontou para as nuvens, tão distantes. Apanhando o momento e uma nuvem rasante que surgiu em forma de nevoeiro, levanto-me num pulo, acabando com a cabeça enfiada nas nuvens. Às tantas, ainda com a cabeça nas nuvens, digo ao Gigante: Cá está! As evidências não me deixam mentir, só me deixam concluir: se o céu começa em algum lado, é na minha cabeça.

Rui de Almeida Paiva, Se o Mundo é Redondo.
RUI DE ALMEIDA PAIVA tem trabalhado para diversos projectos de teatro, dança e cinema.
Conta com os seguintes livros publicados: A Mala Rápida do Senhor Parado(2010, editora Trinta por Uma Linha); Quem viaja encontra os segredos antigos mas perde os sapatos novos (2014, Dois Dias Edições); Efeito Kuleshov, com Joana Bértholo e Sofia Gonçalves (2014, Dois Dias Edições); Ministério da Educação (2015, editora Douda Correria); O Ploc do Pollock (2016, editora Caminho); Canções de Embalar Belos Planetas Cansados (2018, editora Douda Correria); Quem Vem Lá? (2019, editora Caminho); Se o Mundo é redondo o Pensamento é ao quadrado (2019, Dois Dias edições). A partir de 2017 iniciou colaboração teatral com Bruno Humberto. Desde então escreveram e encenaram as peças O Ploc do Pollock (2017), O Sequestro(2018), A Vila (2019), Interrupção – Pausa para Intervalos (2020),Peça para Intervalos (2021).
Fez mestrado em Edição de Texto, na FCSH-UNL, em 2013, com a tese Jean Rouch: o cineasta da máquina de escrever ou o escritor da câmara de filmar, explorando a hipótese do trabalho de edição a partir da tradição oral. Escreveu e realizou o filme A Ilha Invisível (Produções Cedro Plátano), estreado no DocLisboa 2018. No âmbito da edição, fundou em 2011, com Sofia Gonçalves, a editora Dois Dias.

MARTA MOREIRA (Vila Nova de Famalicão, 1978) é licenciada em Belas Artes – Pintura, pela Faculdade de Belas Artes da Universidade de Lisboa. Iniciou o seu percurso profissional como artista plástica (representada pela Galeria Módulo - Centro Difusor de Arte desde 2002). Em 2014 criou, com o artista plástico Gonçalo Pena, a designer Luísa Barreto, a produtora Candela Varas e o performer Bruno Humberto a Associação Irreal que geriu e programou entre 2016 e 2018. Colabora desde 2019 com a PI – Produções Independentes e Org.i.a. como produtora executiva de obras de artistas como Carlota Lagido, Rui Catalão, Diana Niepce, Rubén Sabaddini e Bruno Humberto e Rui de Almeida Paiva. Fez ainda a tradução das peças de teatro Um disfarce magnífico, 88 coisos de um minuto e Um fêmeo, do dramaturgo e encenador argentino Rubén Sabaddini e a tradução e legendagem para o espanhol do filme Peregrinaçãode João Botelho. Em 2019 ilustrou o livro Se o Mundo é Redondo, o Pensamento é ao Quadrado, de Rui de Almeida Paiva.
Tuesday Oct 5 2021